Ainda em comemoração ao dia do Índio, que aconteceu no último dia 19, a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, Departamento Indígena, expõe até o final do ano na Biblioteca Municipal Centro do Saber, artesanatos confeccionados pelos povos indígenas do município de Sapezal, e réplicas de moradias tradicionais (ocas).
Segundo a Coordenação indígena, a amostra se dá em cumprimento da Discussão da Lei 11.645/08. Que regulamenta a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena em todos os níveis de ensino.
A Lei 11.645/08 foi uma das grandes conquistas para o reconhecimento social do negro e do indígena. Ela torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena em todas as escolas brasileiras, públicas e privadas, do Ensino Fundamental e Médio. Ela abarca uma série de importantes questões, pois não se resume à questão da escravidão e do preconceito, já que retrata a importância do reconhecimento do negro e do índio como pilares da formação da sociedade brasileira, como sujeitos históricos que lutaram pelos seus ideais.
Segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC): Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. Requer também Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana que se conheça a sua história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira.
Com a exposição todos os alunos da rede de ensino e população em geral podem visitar a Biblioteca Municipal e conhecer um pouco mais da história dos povos indígenas. No município de Sapezal existem dois povos, a saber: Os Nambikwara e Parecis.
Os Nambikwara são possivelmente, uma dos mais fascinantes povos indígenas, não só do Brasil, mas também do mundo, que atualmente resistem no tempo. A sua origem remonta ao séc.XII, junto ao Rio Coxipó, no atual Estado de Mato Grosso. O Primeiro contacto que os Nambikwara tiveram com pessoas não indígenas, foi por volta de 1907, através do Marechal Cândido Rondon, que por essa altura estava ocupado com a construção de linhas telegráficas, que passavam por território habitado por Nambikwaras Nessa altura, o Marechal Cândido Rondon, calculou que existiam cerca de 10.000 Nambikwaras, atualmente pensa-se, que esse número baixou para os 1.600. Outra particularidade desta tribo, é fato de ter sido objeto de estudo nos anos 30 pelo recém-falecido antropólogo Claude Lévi-Strauss.
No município de Sapezal existem seis aldeias, são elas: Aldeia Utirariti, sem morador no momento, Aldeia três Jacu com 86 pessoas divididas em 19 famílias. Nessa Aldeia falam fluentemente a língua indígena no seu cotidiano. Aldeia Caititu com 41 pessoas divididas em 10 famílias. Aldeia Nova Encantado com 15 pessoas divididas em três famílias, Aldeia Vale do Buriti com 19 pessoas divididas em 04 famílias, Aldeia Novo Horizonte com 14 pessoas divididas em três famílias, AldeiaTxuyesú com 20 pessoas divididas em sete famílias.
Nas aldeias Caititu e Txuyesú vivem o povo Irantxe, Terena, Rikbatsa, pareci e não índio, esse grupo que moram no território Nambikwara não falam a língua indígena, seus alimentos tradicionais são consumidos até hoje que são: beiju, xixa, mandioca, frutas do cerrado, pequi, caça, pesca e também os alimentos industrializados.
Os Nambikwara cultivam: Arroz, Feijão, Milho, Plantas Frutíferas e hortaliças. As festas culturais desse povo são: Festa da Menina Moça, Do espírito e da Flauta Sagrada, tudo é feito através de suas associações.
Os Paresí
Os Paresi são um povo indígena, habitante tradicional da Chapada dos Parecis. A língua Paresi, pertence à família lingüística Aruák, seus parentes lingüísticos são os Enawenê-Nawê, que imemorialmente habitam a região do Rio Juruena à Serra do Norte.
Como os demais grupos Aruák, os Paresi são agricultores e artesões de bolas coloridas de magaba, de bem acabados cestos e espanadores de pena de ema. Ele se autodenominam "Haliti", que em português quer dizer "gente", "Povo".
Os Paresi que atualmente vivem na área indígena são descendentes de intercasamentos consecutivos entre representantes de subgrupos distintos: Kaxiniti, Waimaré, Kawáli, Warére, Kozareni e os Enomanyerekahete. Eles explicam as diferenças no interior do grupo e o sentimento de pertencimento que une entre si, a partir dos mitos, são bilíngües e fala fluentemente no seu cotidiano a língua materna.
As terras indígenas Paresi, localizam-se nos municípios de Sapezal, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Barra do Bugres, Conquista D Oeste, Pontes e Lacerda, Diamantino e Marilândia.
São 48 aldeias divididas em 08 municípios com uma população de 2.100 pessoas aproximadamente.
No município de Sapezal, existem duas aldeias, são elas: Salto da Mulher, com 39 pessoas divididas em 10 famílias e Vale do Rio Papagaio com 35 pessoas divididas em 11 famílias.
Seus hábitos alimentares e seus cultivares são os mesmos dos Nambikwara. Os Paresi têm duas organizações associativas políticas: Halitinã e Waimaré que através delas administram também o pedágio.